Quem está acostumado a ver Bonito sempre movimentada e lotada de turistas, irá se surpreender com a situação em que se encontra o principal destino de turismo de natureza de Mato Grosso do Sul neste momento de isolamento social, que esvaziou cidades e pontos turísticos em todo o planeta para conter o avanço do coronavírus (Covid-19).
O cenário local da pandemia é o que o mundo todo deseja. Até a data de ontem, 27 de abril, nenhum caso tinha sido registrado em Bonito, nem em investigação sanitária, mas mesmo assim as imagens atuais do centro e de seus pontos turísticos lembram cidades-fantasma.
As medidas de enfrentamento do coronavírus foram estabelecidas em um decreto da Prefeitura, publicado em março, que fechou supermercados, mercados, mercearias e conveniências nos fins de semana, proibiu o comércio de ambulantes nas calçadas, praças, parques e até a entrada de ônibus, microônibus, vans de fretamento e o transporte de turistas no território do município.
Algumas dessas medidas foram flexibilizadas no início de abril pelo Comitê de Enfrentamento do Coronavírus, como a volta do funcionamento de lojas comerciais e restaurantes, mas os destinos turísticos, que o decreto municipal previa suspensão de atividades até o dia 30 deste mês, devem permanecer fechados até o mês de junho.
“Está tudo parado, todas as atividades turísticas estão suspensas, mas as barreiras para não permitir a entrada de pessoas de fora em Bonito não estão sendo muito eficazes. Fui a um supermercado e contei 18 carros no estacionamento, todos com placas de outras cidades de Mato Grosso do Sul e de outros estados, e sei de famílias que trouxeram parentes de São Paulo para ficar de quarentena em Bonito, então não se justifica fechar totalmente o turismo”, disse Allan Velcic, proprietário da Rota Aventura, uma operadora de cicloturismo local, especializada em trilhas e roteiros de bike.
Allan Velcic defende a flexibilização das regras do isolamento social em Bonito também no turismo, como o funcionamento de alguns passeios com medidas de restrições desde a chegada do turista na cidade até a entrada do passeio e redução do número de visitantes por dia.
“Estou respeitando este momento crítico. Minha atividade com bike, embora seja ao ar livre, está fechada, mas entendo que muitos dos passeios que movimentam a economia de Bonito poderiam estar funcionando”, afirmou Allan.
Congelamento de preços – Enquanto os pedidos por regras mais brandas não são atendidos pelos órgãos oficiais, o setor turístico de Bonito dá sinais de adesão às mudanças que certamente virão no pós-pandemia – Turismo terá que se reinventar e viajar não será como antes -, tanto nas relações de emprego em função de demandas menores e formas de se comunicar com os clientes, quanto no comportamento dos turistas.
A agência de turismo H20 Ecoturismo, uma das principais de Bonito, já está divulgando em suas mídias sociais algumas medidas para fazer com que o turismo local fique mais acessível. Diz que na reabertura dos passeios, em junho, as tarifas até dezembro serão de baixa temporada, inclusive nos feriados, e as tarifas de 2020 serão as mesmas em 2021, com vendas em até 10 vezes sem juros.
Segundo Allan Velcic, o problema é que em Bonito existem muitas associações, mas não são unidas, nenhuma fala com a outra, as ações são individuais e a Secretaria de Turismo, que deveria se preocupar em unir o setor e mostrar o turismo local para o Brasil e para o mundo, não faz nenhum esforço para uma divulgação adequada.
“Era ela (a Secretaria de Turismo) que deveria estar divulgando Bonito como um todo, mas lá não tem uma única pessoa responsável pelo marketing”, afirmou Velcic. “Há uma grande diferença quando um destino é unido por uma única causa e quando um destino é apenas organizado. Em Bonito somos um destino turístico extremamente organizado, mas não temos união, infelizmente”, lamentou ele.
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