Mato Grosso do Sul está enfrentando duas situações complicadas na área de saúde. Além da pandemia de Coronavírus que vem aumentando, o advento das queimadas no Pantanal, pode agravar a crise e fragilizar ainda mais a população de Corumbá, Ladário e região.
O aumento na procura por atendimentos nas unidades básicas de saúde, por causa de doenças relacionadas à qualidade do ar, e os indicadores climáticos que preveem piora na estiagem, foram inclusive alguns dos motivos que levaram o governador Reinaldo Azambuja a decretar Estado de emergência.
A fumaça das queimadas eleva os problemas respiratórios e, consequentemente, faz crescer a procura por serviços de saúde por causa de complicações respiratórias. Ao analisarmos este contexto ele se torna ainda mais delicado ao se levar em conta a pandemia do novo coronavírus.
Sem especialistas na área de pneumologia na rede pública de saúde na região, os pacientes em estado crítico normalmente são encaminhados para Campo Grande. O problema é que a situação dos leitos hospitalares na capital já está numa situação bastante delicada.
Todos os anos neste período de seca e queimadas, Corumbá tem um aumento de 25 a 30 por cento de doenças respiratórias, explicou o secretário de saúde do município, doutor Rogério Leite. “A cidade fica coberta de uma nuvem de fuligem”, conta. Com dois eventos graves ao mesmo tempo, além da seca própria do período, a situação pode ficar complicada.
“Nenhum município está cem por cento preparado para enfrentar dois eventos desta natureza, mas faremos tudo que puder para proteger a população”, declarou o secretário de saúde.
Complicações
Segundo a médica pneumologista, Eliana Setti Albuquerque Aguiar, quando inalada, a fumaça provoca irritação das vias aéreas principalmente porque ela contém materiais poluentes.
A população mais afetada são os extremos de idade: crianças, idosos além de pessoas com problemas cardíacos. Mas isto, segundo ela, não significa que ela não agrida outras pessoas, mesmo estando saudáveis.
“Quanto mais perto da fuligem, maior é o perigo”, explica a médica, lembrando inclusive o risco que correm os bombeiros e os agricultores que moram próximo aos locais dos incêndios. De acordo com Eliana, a fuligem pode bloquear o sistema de filtragem do ar que respiramos (que são os pelos das narinas). E este bloqueio, que comumente chamamos de nariz entupido, leva as pessoas a respirar pela boca levando o ar poluído diretamente para os pulmões.
Sintomatologia se mistura ao Covid 19
No caso das queimadas, os sintomas variam de pessoa para pessoa e dependem do tempo de contato com a fumaça. “A tendência é que ela afete mais aqueles que estão mais próximos como bombeiros e agricultores que vivem na região”, atesta. Pessoas com doenças prévias como rinite, asma, bronquite e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) são os mais sensíveis e propensos a quadros mais agudos.
Hidratação e consciência são vitais
Não há como se prevenir contra as queimadas – que apesar de fazer parte do manejo na região, estão sendo feitas sem o devido cuidado e controle – mas existem formas de prevenir contra as doenças respiratórias. A médica pneumologista recomenda o uso intermitente de umidificadores, principalmente onde há crianças. Isto porque a criança não pede para beber água e o nosso organismo está muito seco. Beber bastante água e, se possível, se afastar de lugares afetados pelo calor do fogo.
Outras providências, de acordo com Eliana é tomar cuidado para não colocar fogo no lixo, ficar atento às bitucas de cigarros. “Mais do que nunca a população precisa ter consciência da situação que estamos enfrentando”, diz referindo-se também a Pandemia. “É preciso ter o distanciamento social, usar máscaras e aguardar a vacina”, aponta. São cuidados que podem salvar a vida, principalmente, das pessoas que moram nas regiões afetadas pelas queimadas.
Theresa Hilcar, Subcom
Fotos: Saul Schramm
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