A previsão de seca em Mato Grosso do Sul, com estiagem prolongada para as próximas semanas, e as enchentes que devastam o Rio Grande do Sul, podem gerar mudança na produção de milho e de soja do estado sul-mato-grossense. Um dos impactos esperados é aumento do preço desses produtos.
O encarecimento desses alimentos, por sua vez, gera um “efeito dominó”, levanto ao aumento do preço de outros produtos como o óleo de soja e a carne, já que a ração usada na criação de proteína animal é obtida desses itens.
“Na 2ª safra de milho de 2023/2024 já observamos perdas significativas de potencial produtivo devido ao estresse hídrico (falta de chuvas)”, explica a Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul). A pedido do Jornal Midiamax, a entidade detalha a realidade nas lavouras do estado.
“Essa situação adversa afetou uma área total de 445 mil hectares em várias regiões do estado. Os períodos de estiagem ocorreram entre março e abril (10 a 30 dias de estresse hídrico) e recentemente, entre abril e maio (10 a 20 dias sem chuva). Esses danos podem se agravar, conforme indicado pela análise do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul)”, analisa.
As estimativas meteorológicas para os meses de julho, agosto e setembro indicam probabilidade superior a 49% de ocorrência do fenômeno La Niña.
“Isso pode impactar a cultura do milho devido a adversidades climáticas, como chuvas abaixo da média histórica, granizo, geadas e baixas temperaturas. Esses fatores afetam principalmente a região Centro-Oeste”, avalia a entidade.
Outro desafio para Mato Grosso do Sul será o período final do mês de junho, quando a segunda safra de milho estará em estágio reprodutivo, quando a necessidade de chuva para esse alimento é alta.
“Os danos foliares causados por granizo e geadas podem prejudicar o enchimento dos grãos, representando um desafio fitossanitário significativo”, completa.
Impactos das enchentes do RS em MS
O Rio Grande do Sul é um dos grandes produtores de grãos do Brasil e as enchentes impactam essa produção. O estado gaúcho estava com a colheita em torno de 60% realizada quando milhares de hectares acabaram afetados pela grande quantidade de chuva das últimas semanas.
“Isso deve impactar na qualidade do grão de soja, além dos efeitos causados pela dificuldade de transporte, visto que as principais vias estão obstruídas, o que também gera especulação e aumento do custo”, analisa a Aprosoja/MS.
A entidade explica que o potencial de armazenagem de grãos do Rio Grande do Sul representa 16% do armazenamento total do país, além de representar quase 15% da capacidade de processamento de soja do Brasil.
Com isso, outros mercados devem assumir a dianteira desse armazenamento. No entanto, “ainda é impossível mensurar todos os impactos dessa catástrofe climática, mas a expectativa é que a produção de soja brasileira seja reduzida, e uma redução na oferta de soja tende a refletir nos preços, nesse caso, fazendo com que os preços aumentem”, completa a entidade.
FONTE: Midiamax
13/05/2024