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Fumaça das queimadas do Pantanal atravessa a fronteira e afeta comerciantes na Bolívia

O povo boliviano também é afetado pelas fumaças dos incêndios florestais que atingem o Pantanal sul-mato-grossense. Comerciantes da Bolívia, do outro lado da fronteira com Corumbá, amargam prejuízos com a falta de movimento.

À frente de uma loja de variedades, vendedora que se identificou apenas como Gabriela informou que desde a semana passada notou a diminuição de carros atravessando a fronteira entre a Cidade Branca e Puerto Quijarro, na Bolívia.

Para ela, a falta de movimentação de carros atravessando e a própria diminuição de pessoas circulando no comércio local são reflexos da insalubridade que a população vive. Em Corumbá, a fumaça tomou conta, mas tem diminuído com o passar do tempo.

Fronteira entre Corumbá e Puerto Quijarro (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

“Caia muita fuligem; eu tinha que ficar com o baldinho de água do lado para limpar [as mercadorias]”, relata ao Jornal Midiamax. Para ela, era difícil respirar. “As crianças e os idosos sentiam muito, reclamavam mais”, diz.

Entretanto, a situação já é esperada pelos comerciantes para esta época. Até semana passada, quando os focos de incêndios estavam bem próximos à Corumbá, o cenário para os comerciantes bolivianos era pior.

Limpeza constante

Cherry Manani tem uma loja de roupas na Bolívia há 10 anos e não se lembra de um ano tão difícil e preocupante. “No [último] sábado e domingo foi triste. A fumaça preta nas mercadorias. Tinha que ficar limpando”, conta à reportagem.

Fumaça chega até a Bolívia (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Já a vendedora Belen Ramos teve que lidar com a fuligem e acredita que a pior fase ainda não chegou. “Uns anos atrás estava mais quente e fogo mais intenso. Acho que está se aproximando disso esse ano”, lembra.

“Aqui na loja entra muita fuligem, principalmente na semana passada. Tinha que ficar limpando a cada hora. Atrapalhou muito; eu não parava de tossir”, relata.

Incêndio no Pantanal

Há uma semana, equipe do Jornal Midiamax chegava ao Pantanal, que registrava 1.729 focos de incêndio. Passados sete dias, o bioma acumula 2.527 focos de queimadas e 530 mil hectares consumidos pelas chamas.

Com o avanço das chamas, que ganharam as capas de jornais pelo Brasil e mundo na última semana, a ajuda também foi mobilizada para ir ao Pantanal. Nesta semana, o Governo Federal anunciou o envio de 80 agentes da Força Nacional para Corumbá.

Além disso, a União afirma que mobilizou 14 aeronaves, sendo seis do Ibama e do ICMBio já em operação. Cerca de 250 profissionais do governo federal atuam em campo no Pantanal, incluindo brigadistas e equipes do Ibama, do ICMBio e da Marinha.

O efetivo será reforçado nos próximos dias por mais 50 brigadistas do Ibama e 60 agentes da Força Nacional. Na sexta-feira (28), está prevista a visita de três ministros (Meio Ambiente, Justiça e Planejamento) a Corumbá.

União reconhece situação de emergência em MS

Três dias após o Governo do Estado decretar situação de emergência nos municípios atingidos por incêndios florestais, o Governo Federal, através do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regionalpublicou portaria em que reconhece a situação de emergência em 12 cidades de Mato Grosso do Sul. A publicação é feita diante dos incêndios que devastam, principalmente, a região do Pantanal.

Conforme a Portaria 2.251 publicada no DOU (Diário Oficial da União) desta quinta-feira (27), o secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff Barreiros, reconheceu o cenário de emergência vivo em MS, onde somente no Pantanal há mais de 2,3 mil focos de incêndio.

O decreto de situação de emergência em municípios atingidos pelo fogo foi publicado no DOE (Diário Oficial do Estado) na última segunda-feira (24) e, no mesmo dia, Defesa Civil solicitou reconhecimento da situação emergencial para a União.

FONTE: Midiamax

IMAGEM: Henrique Arakaki

Fábio Oruê,Clayton Neves|

28/06/2024

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