As exportações do agronegócio brasileiro faturaram mais de US$ 79 bilhões no primeiro semestre deste ano, crescimento recorde de 26% acima do registrado no mesmo período de 2021. Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia (Secex).
Em grãos e derivados, a soja representou quase 48% do faturamento externo do agronegócio no primeiro semestre de 2022, seguidos por carnes, produtos florestais, café e os do complexo sucroalcooleiro.
De janeiro a junho de 2022, o volume exportado pelo agronegócio nacional recuou 1% frente ao mesmo período do ano anterior, mas os preços em dólar subiram 28%.
Diante do faturamento recorde em dólar, em moeda nacional, a receita real não apresentou o mesmo desempenho em razão do processo inflacionário observado brasileiro no primeiro semestre de 2022.
A alta do preço real em reais no primeiro semestre deste ano frente ao mesmo período de 2021 se limitou a aproximadamente 6%.
Nos primeiros seis meses de 2022, a participação do agronegócio no saldo comercial do Brasil foi de 48%, superando a participação obtida no mesmo período de 2021.
Quanto aos produtos exportados pelo agronegócio nacional, de janeiro a junho deste ano, os do complexo da soja continuam liderando o desempenho do setor.
Do lado comprador, o destaque foi a China, como esperado (representando 35% do faturamento externo do agronegócio), seguida pela União Europeia e pelos Estados Unidos (com 16% e 6,5%, respectivamente).
Com o resultado, a balança comercial do setor, (exportações menos importações de produtos agrícolas) positivou em mais de US$ 70 bilhões, feito que, segundo o levantamento, o crescimento compensou o déficit comercial de outros setores da economia nacional e contribuíram para um superávit comercial de mais de US$ 30 bilhões.
O forte crescimento da demanda mundial por alimentos e energia tem elevado os preços de produtos do agronegócio desde o início de 2021.
Neste ano, a guerra na Ucrânia agravou o quadro de oferta e demanda, já pressionado pela pandemia, fatores que levaram à redução das operações entre os países produtores, com desarranjos nas cadeias globais de valor e aumento no frete marítimo.
O cenário de preços em forte alta no mercado internacional garantiu ao agronegócio brasileiro, importante exportador mundial de alimentos e energia, sucessivos recordes nas vendas externas.
Perspectivas
A colheita nos Estados Unidos e a evolução dos embarques dos grãos ucranianos terão papel crucial na contenção da escalada dos preços dos alimentos – que, ressalta-se, já tem mostrado certa desaceleração.
Assim, para o segundo semestre, o combate à inflação, que se dará pela continuidade da alta dos juros nos Estados Unidos e na Europa, tem elevado o temor de uma recessão na economia mundial nos próximos meses, o que pode auxiliar a conter a alta dos preços externos de commodities.
O resultado dessas políticas pode ser uma menor pressão da demanda e crescimento na oferta, retirando espaço para altas intensas nos preços dos alimentos, e, claro, caso não haja perdas significativas na oferta global, por conta de eventos climáticos adversos.
*Com informações de Canal Rural
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