Em plena pandemia de Covid-19, incêndios ambientais devastaram o Pantanal em 2020. Foram milhares de hectares queimados e animais mortos, com registro de 8,1 mil focos de incêndio em setembro daquele ano. Em junho de 2024, as queimadas se espalharam pelo Pantanal novamente, mas para quem está na linha de frente a experiência ajuda no combate.
Há similaridades e diferenças nos incêndios de 2020 e 2024. Naquele ano, as queimadas atingiram níveis alarmantes em agosto e setembro, pegando todo mundo de surpresa. Por isso, não havia estrutura física e nem organização social e governamental para o combate de tamanha proporção.
Neste ano, os incêndios florestais são esperados desde meados de março. Isso porque não teve período de cheia no Pantanal e o bioma apresenta condições de seca extrema, aliado ao clima seco e quente. Desde abril, Mato Grosso do Sul está em situação de emergência ambiental, decretado pelo Governo do Estado justamente em resposta ao cenário caótico.
Em maio, a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) declarou situação de escassez hídrica na bacia do Rio Paraguai. Mais uma ação que os ambientalistas alertavam desde o início do ano: Rio Paraguai caminha para a pior seca histórica, com níveis abaixo dos registrados em 1964.
Expertise no combate às chamas
Comandante da Operação Pantanal, a tenente-coronel Tatiane Inoue afirma que as equipes estão mais preparadas este ano para as queimadas, inclusive em relação ao tempo de resposta no combate e aumento do efetivo.
“O ano de 2020 foi um marco para os incêndios florestais e isso foi uma escola para que várias estratégias fossem traçadas no combate às chamas. Hoje temos mais de 100 combatentes em campo, com a possibilidade de ampliar nossa resposta à medida que a situação for se agravando. Aumentamos as aeronaves e equipamentos disponíveis e temos a ajuda da tecnologia com os sobrevoos dos drones”, afirma ela.
O cabo do Corpo de Bombeiros, Victor Barbosa Lima destaca que os drones ajudam a identificar a linha de frente do fogo e a traçar rotas de fuga e estratégias de combate a partir da visão aérea.
“Além dos recursos disponíveis, a preparação foi intensificada e temos nos preparado com muitas especializações para isso. Isso são coisas que adquirimos e aperfeiçoamos com a experiência de tudo o que já vivenciamos por aqui”, conta.
A experiência também impacta na preservação da fauna do Pantanal. Paula Helena Santarita, coordenadora operacional do Gretap (Grupo de Resgate Técnico Animal Serrado Pantanal de Mato Grosso do Sul), afirma que quem mora no Pantanal está mais consciente na prevenção de animais.
“A não visualização do volume de animais incinerados equivalente ao de 2020 mostra a mudança de comportamento, inclusive, da população local. Com a configuração dos aceiros, por exemplo, que são extremamente importantes para a fauna porque os animais usam como corredor de fuga. Então, se comparado a 2020, o número de animais atingidos está bem inferior”, explica.
FONTE: Midiamax
IMAGEM: Henrique Arakaki
Priscilla Peres,Clayton Neves|
01/07/2024
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