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“Muito carinhosa, coração enorme”, diz tia de golpista de MS que morreu em SC

Longe da fama nacional de “Bonequinha de Luxo”, Kelly Samara Carvalho dos Santos, de 33 anos, mantinha boa relação com a família sul-mato-grossense. Mesmo enlutada, a tia Fátima Ricardo de Carvalho conversou com o Campo Grande News e relembrou com carinho da sobrinha.

“Muito carinhosa com quem dava atenção, ela tinha um coração enorme. Conversávamos sobre muitas coisas e sempre falando que me amava, perguntava sobre meus filhos que ela considerava como irmãos”, conta a tia, que era considerada como mãe.

“Muitas lembranças, meu Deus, difícil falar uma só, eu cuidei dela com meu paizinho e minha mãezinha, me chamava de mãe. Ela me marcou pra sempre, minha filha do coração”, continua.

Questionada sobre o histórico de Kelly, Fátima diz que prefere não se pronunciar, pois sofreu muito com toda a situação. “A imprensa não quer saber do luto da gente, só quer saber do histórico né”, disse, inconformada com a repercussão.

Trajetória – Natural de Amambai, a 351 quilômetros da Capital, Kelly estava foragida da Justiça de Mato Grosso do Sul desde 2012, quando não voltou mais para a prisão em Dourados, onde cumpria o regime semiaberto de reclusão.

Conhecida por aplicar golpes em pessoas da alta classe de Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro, Kelly morreu ao cair do 4º andar de um prédio, na madrugada desta sexta-feira (19), em Laguna, município de Santa Catarina.

Segundo o jornal A Gazeta News, o corpo da menina deve ser velado ainda hoje, às 16h30, no Memorial Primavera, em sua cidade natal, e o sepultamento será no Cemitério Municipal Crepúsculo.

Kelly aplicava golpes em pessoas de alto poder aquisitivo, hotéis, lojas de marca e locadoras de carros em Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. Ela era considerada inteligente e incorrigível por promotores paulistas.

Dentre as tramas mirabolantes criadas pela golpista, se destaca a de se passar pela filha do então presidente paraguaio Fernando Lugo ou utilizar o sobrenome de Tranchesi, que pertence a dona da loja de luxo Daslu.

Utilizando o nome falso de Kelly Tranchesi, ela aplicou cerca de sete estelionatos por dia, se passando por socialite, segundo relatos da polícia ao UOL, em 2014.

Em 2011, ela foi entrevistada pelo jornal Folha de São Paulo na cadeia pública de Viradouro, em São Paulo. Mesmo na prisão, ela não deixou de usar roupas de marcas como Lacoste, Calvin Klein, Ellus e tênis Reebok.

A reportagem conta que Kelly começou seus “trabalhos” no crime, inventando personagens para aplicar seus golpes, ainda com 13 anos de idade.

A prisão anterior ocorreu por furtos em Dourados, a 251 km da Capital. Somente no TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo), ela respondeu a quatro processos, acusada de furto e estelionato. Ao jornal, ela se declarou inocente de todos os crimes.

Justificativa – Ela contou ainda que foi abandonada pela mãe ainda bebê e que o pai e a família lhe deram às costas após as denúncias na imprensa e, por isso, cortou o contato. No entanto, mantinha boa relação, como contou a tia.

Alegando gostar da “adrenalina”, a golpista revelou, durante entrevista, o motivo dos alvos luxuosos em seus crimes. “E você não gosta de coisa boa, por acaso?”.

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